quarta-feira, 14 de março de 2012

Chorar ás vezes faz bem



Novela não poder ser vista apenas como uma forma de entretenimento. A telenovela possui uma função social muito importante, por isso, assim como o teatro é uma forma de se fazer arte. Ao contrário do que declarou Aguinaldo Silva em entrevista ao programa Roda Viva. Mesmo sendo exibida dentro de um meio de comunicação de massa, as novelas é um produto para ser levar á serio e tem o diferencial; a grande repercussão que causa, algum que nem todas as peças de teatro conseguem.

Porém, assim como ocorre no cinema, nas novelas há histórias com objetivos distintos. Por exemplo, logo nas primeiras chamadas da próxima novela as nove, Avenida Brasil, podemos verificar uma qualidade interessante não só nas imagens, mas também história. A trama parece ser uma novela mais densa e forte. Bem diferente de Fina Estampa, essa assim um folhetim totalmente descompromissado, cuja função é apenas entreter para atrair uma boa parcela de telespectadores. Neste quesito, a trama de Aguinaldo Silva se saiu muito bem.

Outro exemplo é a recém terminada A Vida da Gente. A trama de Lícia Manzo foi totalmente diferenciada, mesmo usado de recursos já utilizados em outras novelas. Não foi um estouro em audiência, mas se saiu muito bem perante a crítica. Mas vocês devem pensar: “Se sair bem cm a crítica sem o apoio popular, pra quê?”. Na verdade não é bem assim. Vou dizer uma coisa pessoal, quando escrevo uma peça para o MOVA Teatro, penso em agradar a três lados: o meu, o do público, e da crítica. Sendo eu fã de histórias mais fortes que causam espanto e reflexão coloca, para agradar ao espectador doses bem acida de comédias a La Chaves e Todo Mundo Odeia o Cris, ambas séries de humor inteligente e extremamente popular.

Também me inspiro muito na força de Sílvio de Abreu em surpreender, também gosto da dinâmica das tramas mexicanas repleta de reviravoltas mirabolantes. Para agradar a crítica sempre imagino conflitos familiares com soluções trágicas em sua maioria. Por quê? A meu ver a crítica adora chorar por casos sem boas e bonitas soluções. Como atriz, fazer comédia é bom e para mim que na vida pessoal já sou mais cômica não é tão difícil, me realizo no drama, apesar de ser grande a dificuldade.. A vida não é bela, e tem certas coisas que a gente precisa falar mais sério, pois a preocupação em rir é tamanha que o verdadeiro sentido da piada deixa de existir. Vou relatar dois momentos um no teatro e outro na novela.

Apresentei ano passado uma peça chamada Seja Bem Vinda. Uma peça que misturou drama e comédia, escrita pelo ator e diretor Nill de Pádua homenageava tramas ao estilo de Tieta. Interpretei uma personagem chamada Tereza uma prostituta um pouco cômica, e um pouco trágica. Ela era vítima de uma paixão não correspondida. No fim o rapaz acabou se matando na frente em uma cena bem dramática. Porém, boa parte do espetáculo foi conduzida para a comédia... Sendo assim, o suicídio e toda a parte dramática de Tereza foi ignorada.

O mesmo poso dizer de Fina Estampa. Baltazar (Alexandre Nero) era um marido que batia na esposa e hoje praticamente vive uma linda história de amor com o Crô (Marcelo Serrado). O fato de ele ser um homem violento foi tapado pela comédia, provavelmente ao pedido do público como consta em uma das primeiras pesquisas de aceitação popular da novela, colocou o “Zoiudo” como um dos seus personagens favoritos.

A história deles funciona devido ao grande talento dos atores, mas ignorar uma característica importante na trajetória de Baltazar tirando algum que daria seriedade a história é ruim. Drama e comédia precisam andar juntos, ainda mais em uma novela das nove. E isso faz bem para todos os lados, os de quem escrevem, aos que assistem e aos que criticam.


2 comentários:

  1. Agradar aos três é complicado... Mas agradando dois já é um resultado positivo!
    Lucas - www.cascudeando.zip.net

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  2. Assino em baixo...

    JDC - jurandirdalcincomenta.blogspot.com.br

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