quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Nem é tão ruim assim, mas está longe de ser o melhor

Empresários sedentos por dinheiro e fama enxergam no público jovem grandes possibilidades de lucro. Através disso lançam nas artes pseudos artistas ricos apenas em beleza e carisma. Há todo um esquema para transformá-los em grandes fenômenos. Desde músicas grudentas até a farsa da virgindade.

No cinema a saga Crepúsculo pode ser considerada o maior fenômeno entre os jovens. Alias, não só entre os jovens, mais entre os mais velhos também e esse é o seu grande diferencial. A história como todos estão carecas de saber gira em torno da humana apaixonada pelo vampiro, mas que também desperta a paixão de um lobisomem.

Tudo começou com os livros da autora Stephenie Meyer. Todos muito açucarados tendo alguns momentos de aventura. Alguém muito esperto decidiu transformar esta saga em filmes ao estilo do que a garotada gostaria de assistir. Escolheram atores mais belos do que talentosos para protagonizar os filmes da saga, pois a intenção não era um Oscar mais um recorde comercial de bilheteria.

Decidiram ainda que cada parte da saga teria um diretor diferente. E claro, como já era de se esperar não seriam totalmente fiel ao livro. O primeiro filme recebeu criticas severas em todos os sentidos, porém o resultado comercial foi alcançado. Fãs enlouquecidas, não só adolescentes, não só meninas... Seu sucesso atraia todos os tipos de público. Até quem não gosta, assistiu ao longa somente para entender a euforia das pessoas em relação a Crepúsculo ( este é o meu caso).

Robert Pattinson (o vampiro Edward), Kristen Stewart (a humana Bela) e Taylor Lautner (o lobo Jacob) se tornaram os novos queridinhos da America. Realmente, os meninos são lindos, porém precisam amadurecer muito como atores. Já Kristen é um pouco mais talentosa, pois consegue convencer em uma personagem pateticamente chata.

Mais dois filmes após o primeiro seriam lançados: Lua Nova e Eclipse. O público continuava eufórico a crítica só detonava. A fama dos três protagonistas, enquanto isso apenas aumentava. Em novembro foi lançado a primeira parte da última saga: Amanhecer. E a história volta a se repetir...

Em reportagem publicada na edição passada da revista Veja, ouve a acusação de que os atores fazem pouco caso do filme, pois nada nele convence e nem a mudança de diretor ajuda ( neste último o diretor foi o mesmo que dirigiu o bem sucedido e vencedor do Oscar Chicago). Os outros críticos não concordaram com a atitude da autora em escrever uma história em defesa dos bons costumes, da consumação do ato sexual somente após o casamento, da tolice desta história de amor, blá, blá, blá....

Vamos aos fatos: Crepúsculo não é tão ruim, pois se fosse nem mesmo tantos adultos o assistiriam. A história é romântica e tem os seus fundamentos. Uma menina comum (e chatinha) se apaixona pelo príncipe encantado. Lindo e sedutor ele é a mescla perfeita de beleza e mistério. Nos contos de fadas as histórias são assim também. A princesa romântica e seu príncipe perfeito que juntos vivem felizes para sempre...

Mas este é um conto de fadas moderno. Um conto de fadas que tira as bruxas e inclui vampiros e lobisomens. Uma história moderna onde a princesa além do seu príncipe é cortejada por outro belo rapaz. Comparado a outros filmes e series de vampiros, Crepúsculo fica bem abaixo, pois não há tanto sangue e força na história como em longas incluindo Drácula e Entrevista com Vampiro. Porém, apesar de ter um toque de terror, a saga não é um filme de terror e muito menos um filme de aventura como Harry Potter.

A intenção era fisgar as adolescentes românticas, por isso escolheram atores como já afirmado belos e jovens, porém não necessariamente talentosos. Esse foi o grande apelo comercial do longa. O fato de ter conquistado tanto público se deve sim a intenção da autora em resgatar um amor mais puro sem a promiscuidade a que estamos tão sujeitos.

Os primeiros filmes (principalmente o primeiro) não foram bem tecnicamente. Porém, a cada saga as melhoras era visíveis. O último pode ser considerado o melhor. A história é mais centrada, o drama pertinente, o público torce para que a situação complicada de Bela seja resolvida. O amor dela e Edward é posto totalmente a prova e até Jacob encontra o finalmente o seu lugar.

O que a critica não entende é o fato da saga não ser destinada ao público a fim de ver sangue e mordidas violentas. Crepúsculo é uma celebração moderna, porém com toques de perfeição exagerada (Edward irrita por sua tamanha perfeição) ao amor. E sinceramente há filmes bem piores, portanto as críticas ao longa são injustas. O fenômeno em torno da saga também é exagerado, pois apesar de bom não é o suficiente para entrar na história.

Por falar nisso


Já pensou? A saga Crepúsculo assim como este grande seriado causa muitas brincadeiras, por isso na próxima semana o blog abordará mais um fenômeno: Chaves.

Até a próxima semana!

A mais nova realidade das telenovelas





De décadas em décadas desde o surgimento da telenovela no Brasil ocorrem dentro do gênero grandes e profundas transformações. A primeira em 1963 quando as novelas passaram a ser diárias (antes eram exibidas apenas duas, ou três vezes por semana). Na linguagem a primeira transformação veio em 1968 com Beto Rockfeller.

A novela brasileira ganhou um ar realista, porém mantendo um pé na fantasia. Algumas novelas apostavam e muito nas convencionais histórias de amor, outras já possuíam a vontade de atrair o público masculino. Duas tramas que se enquadram nisso respectivamente é Selva de Pedra (1972) e Irmãos Coragem (1970). Ainda tem as histórias com um pé na sátira política e realismo fantástico. Tramas como Saramandaia (1976), O Bem Amado (1973) e Roque Santeiro (1985-1986) se encaixam nisso. Ainda haveria novelas com personagens mais humanizados como ocorreu um Pecado Capital (1975-1976) e Anjo Mau (1976)

Em 1988 houve a segunda inovação na linguagem da telenovela. Vale- Tudo (1988-1989) expressou um movimento em prol das novelas mais densas, realistas e polêmicas. Em 1995 com a Próxima Vitima ocorreu à terceira inovação da linguagem como a primeira telenovela inteiramente policial, inovando o bom e velho “quem matou?”.

Agora em 2011 vivemos mais um momento de mudanças na linguagem. Com a ascensão da classe C, emissoras e empresas de comunicação se viram obrigadas e voltar seu conteúdo para este público. A editora Abril, por exemplo, lançou diversas revistas de fácil assimilação, repleta de assuntos populares focados nesta nova classe social. Minha Novela, Ana Maria, Tititi, entre outras expressam bem esta nova realidade.

Já na telinha, ocorreu certa demora para perceberem que a classe C cresceu, evolui e hoje é a maior consumidora do país. È um público diferenciado e exigente, pois não é a favor de ousadias, mais também não quer saber da mesmice. Essa classe é mais conservadora e convencional em alguns aspectos. Na Globo series como Tapas e Beijos e A Grande Família são exemplos de produtos totalmente focado nesta classe. Alias a Grande Família pode ser considerada pioneira na linguagem popular (para a classe C), pois está no ar há dez anos.

Nas novelas, Fina Estampa pode ser considerada a responsável pela quarta mudança na teledramaturgia. Não há grandes novidades em seu enredo, mas sim na maneira como as histórias são contadas. Vejo grandes semelhanças em Griselda e Maria do Carmo de Senhora do Destino novela de grande sucesso escrita por Aguinaldo Silva, o mesmo autor de Fina Estampa. Porém Senhora do Destino era mais agressiva e forte em suas cenas. Já em Fina tudo é mais leve...,Até as cenas com a vilã Tereza Cristina é mais leve. E o público está amando.

Em reportagem na Veja, Pereirão foi alçando ao posto de grande heroína da nova classe, e essa fama lhe rendeu capa na revista semanal. Mulheres batalhadoras sempre existiram nas novelas, mais uma trama com essa leveza exigida pela classe C é a primeira.

As novelas das 9 sempre foram mais ousadas e carregadas, porém hoje parece ser necessário se nivelar com a simplicidade de algumas tramas das 6 e das 7. Aquele Beijo também passa uma mensagem bem despretensiosa. Já A Vida da Gente segue como um grande novelão. È bonita, emocional, forte e muito envolvente, atingindo a todas as classes. Na realidade todas as novelas independente do estilo do autor deveriam ser assim.