quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A mais nova realidade das telenovelas





De décadas em décadas desde o surgimento da telenovela no Brasil ocorrem dentro do gênero grandes e profundas transformações. A primeira em 1963 quando as novelas passaram a ser diárias (antes eram exibidas apenas duas, ou três vezes por semana). Na linguagem a primeira transformação veio em 1968 com Beto Rockfeller.

A novela brasileira ganhou um ar realista, porém mantendo um pé na fantasia. Algumas novelas apostavam e muito nas convencionais histórias de amor, outras já possuíam a vontade de atrair o público masculino. Duas tramas que se enquadram nisso respectivamente é Selva de Pedra (1972) e Irmãos Coragem (1970). Ainda tem as histórias com um pé na sátira política e realismo fantástico. Tramas como Saramandaia (1976), O Bem Amado (1973) e Roque Santeiro (1985-1986) se encaixam nisso. Ainda haveria novelas com personagens mais humanizados como ocorreu um Pecado Capital (1975-1976) e Anjo Mau (1976)

Em 1988 houve a segunda inovação na linguagem da telenovela. Vale- Tudo (1988-1989) expressou um movimento em prol das novelas mais densas, realistas e polêmicas. Em 1995 com a Próxima Vitima ocorreu à terceira inovação da linguagem como a primeira telenovela inteiramente policial, inovando o bom e velho “quem matou?”.

Agora em 2011 vivemos mais um momento de mudanças na linguagem. Com a ascensão da classe C, emissoras e empresas de comunicação se viram obrigadas e voltar seu conteúdo para este público. A editora Abril, por exemplo, lançou diversas revistas de fácil assimilação, repleta de assuntos populares focados nesta nova classe social. Minha Novela, Ana Maria, Tititi, entre outras expressam bem esta nova realidade.

Já na telinha, ocorreu certa demora para perceberem que a classe C cresceu, evolui e hoje é a maior consumidora do país. È um público diferenciado e exigente, pois não é a favor de ousadias, mais também não quer saber da mesmice. Essa classe é mais conservadora e convencional em alguns aspectos. Na Globo series como Tapas e Beijos e A Grande Família são exemplos de produtos totalmente focado nesta classe. Alias a Grande Família pode ser considerada pioneira na linguagem popular (para a classe C), pois está no ar há dez anos.

Nas novelas, Fina Estampa pode ser considerada a responsável pela quarta mudança na teledramaturgia. Não há grandes novidades em seu enredo, mas sim na maneira como as histórias são contadas. Vejo grandes semelhanças em Griselda e Maria do Carmo de Senhora do Destino novela de grande sucesso escrita por Aguinaldo Silva, o mesmo autor de Fina Estampa. Porém Senhora do Destino era mais agressiva e forte em suas cenas. Já em Fina tudo é mais leve...,Até as cenas com a vilã Tereza Cristina é mais leve. E o público está amando.

Em reportagem na Veja, Pereirão foi alçando ao posto de grande heroína da nova classe, e essa fama lhe rendeu capa na revista semanal. Mulheres batalhadoras sempre existiram nas novelas, mais uma trama com essa leveza exigida pela classe C é a primeira.

As novelas das 9 sempre foram mais ousadas e carregadas, porém hoje parece ser necessário se nivelar com a simplicidade de algumas tramas das 6 e das 7. Aquele Beijo também passa uma mensagem bem despretensiosa. Já A Vida da Gente segue como um grande novelão. È bonita, emocional, forte e muito envolvente, atingindo a todas as classes. Na realidade todas as novelas independente do estilo do autor deveriam ser assim.




Nenhum comentário:

Postar um comentário