quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O poder das novelas mexicanas


Quarta feira, feriado, portanto um aviso. Quando houver feriado na quarta, o blog sempre será atualizado no dia seguinte, ou seja, na quinta. Vamos ao assunto de hoje.

O sucesso da “vigésima” reprise de Marimar coloca novamente as novelas mexicanas em um patamar elevado no Brasil. De certa a forma a teledramaturgia brasileira sempre foi influenciada pela latina. Os dramalhões da cubana Glória Magdan no início da década 1960 que o digam... Várias tramas mexicanas já foram adaptadas pelas emissoras brasileiras. Durante um tempo o SBT alcançou êxito quando no começo da década passada fez parceria com a Televisa (A Rede Globo do México) adaptando textos deles para o nacional. Uma dessas adaptações, Pícara Sonhadora, sucesso em 2001 está sendo reprisada no SBT atualmente.

A Record seguiu pelo mesmo caminho. Adaptou A Feia Mais Bela (adaptação mexicana da novela colombiana Beth a Feia que no Brasil virou, Bela, a Feia) e agora no ar a versão nacional da novelinha teen Rebelde (sem o s da versão original). Na realidade essas novas versões modificam um pouco a história original, tentando transportá-las para a nossa realidade, porém mantendo a essência dramática. Essência essa que as novelas mexicanas pouco mudaram ao longo dos anos.
Ao contrário do que acontece com as novelas brasileiras, pois de décadas em décadas há algumas transformações no gênero.

A relação do Brasil com os famosos dramalhões se consolidou graças ao Sílvio Santos que desde o começo do SBT sempre investiu nestas tramas. Mesmo quando na metade da década de 1990 a emissora do dono do baú iniciou uma bela investida em tramas nacionais como "Éramos Seis" e "As Pupilas do Senhor Reitor”. Porém, as tramas mexicanas continuavam a bater cartão na grade da programação do canal

Muita gente detesta novelas mexicanas afirmando o quanto são dramáticas, fugindo da nossa realidade. Mas temos que entender que o drama de suas produções faz parte da cultura deles em fazer teledramaturgia. É importante conhecer outros tipos de folhetins produzidos em outros países (porém, sem deixar de produzir os nossos) .

Existem sem dúvida boas tramas mexicanas, mesmo com todo dramalhão. Novelas que tiveram sucesso em audiência elevando a carreira de alguns astros latinos no Brasil, assim diga Thalia estrela de três grandes sucessos mexicanos, a famosa triologia das Marias.

Abaixo algumas características e receitas para o sucesso da tramas dramáticas.

A estrutura básica
- O gosto de ressaltar as relações familiares, colocando em evidência conflitos entre pais e filhos. Em geral todas as tramas mexicanas têm o famoso segredo do passado onde o mocinho ou a mocinha descobrem que foram adotados, abandonados na porta de algum orfanato, que seu verdadeiro pai ou mãe é o ser que mais detestou e teve problemas durante boa parte do folhetim

Os vilões
- Os vilões mexicanos, ou melhor, as vilãs (essas sim bem interessantes..) são exageradas, ambiciosas e totalmente alucinadas, um verdadeiro fascínio. Sendo que algumas delas como a Soraia da "Maria do Bairro”, vencem de algumas recentes vilãs fajutas de tramas nacionais. Todas as antagonistas mexicanas a princípio são forçadas a se casarem com o mocinho para salvar a situação financeira da família dela. Elas até sente atração pelo futuro marido, mas prefere sua coleção de amantes. Porém, quando a mocinha cruza o seu caminho a vilã usa de artifícios, como a gravidez (geralmente falsa) para segurar o noivo.

Também tem as mães vilãs as quais não aceitam seus filhos se envolvendo com moças de origem humilde. Essa é outra característica das tramas mexicanas, as diferenças sociais, onde os pobres são vistos como pessoas em sua maioria batalhadora e os ricos repleto de defeitos

As mocinhas
- O México produz novelas onde a mulher é vista como o sexo forte encabeçado pela mocinha que começa ingênua, pobre e feinha. Mas termina rica, bonita e bem sucedida. Mas antes sofre horrores, como prisão injusta por exemplo. As mulheres desses folhetins são as mais inteligentes, dona da razão e com uma torcida puxa-saco para não botar defeito , é só lembrar da "A Usurpadora " para ver que a Paulina era a única capaz da salvar a fábrica Bracho da ruína, sendo ela comandada por homens .Sem contar que o lado maternal delas é muito forte digno de muitos sacrifícios .

Os galãs
- Já os mocinhos são repletos de fraquezas. No começo são mulherengos e irresponsáveis. Com o tempo ficam a se rastejar pelo amor da mocinha se arrependendo de seus erros passados. Os homens mexicanos nas novelas nunca têm a razão, pelo menos de acordo com o que acontece no folhetim
Outros detalhes...

- A fé em Nossa Senhora da Guadalupe utilizada pelos personagens do bem e o exagero nos figurinos, maquiagens e situações que geram um exagero de grito e choro. Além disso, há algumas cenas mal feitas com continuidade pior ainda (e ainda criticam os erros de continuidade das nossas tramas..). O último capitulo sempre é previsível sem nenhuma grande surpresa.

Os dubladores
- Parte do sucesso de qualquer produção estrangeira veiculada nas emissoras do Brasil são os dubladores que interpretam com qualidade e talento inquestionável. Às vezes nós até pensamos que eles são os atores das novelas de fato. Quando ouvimos a voz original sentimos bem a diferença. Por falar nisso, mas mudando de assunto, essa receita também é válida para o Chaves. Quando o Kiko, por exemplo, é dublado por outra pessoa estranhamos muito. Há uma identificação grande com quem faz a voz do personagem especifico. Por isso, é bacana que o na abertura do seriado, os dubladores estejam sendo creditados.


Mesmo com os defeitos, as novelas mexicanas têm o seu valor e merecem certo respeito principalmente pelo poder que exercem. Por isso, mesmo que passada em várias ocasiões, Marimar é garantia de sucesso e boa audiência. Maria do Bairro irá voltar em seguida. Teremos de volta os bons gritos de Soraia, a maior vilã de todos os tempos da tramas mexicanas. E logo (querem apostar quanto?), A Usurpadora voltará para a grade. Só para efeito de comparação, A Usurpadora e Mulheres de Areia, em reprise no Vale a Pena Ver de Novo tem muitas semelhanças, não só pelo fato de contarem histórias de gêmeas, uma boa, muito boa, outra má, muito má. Mas sim pelo fato das gêmeas más Raquel (Glória Pires em Mulheres de Areia) e Paola (Gabriela Spanic em A Usurpadora) serem estilosas, traírem o marido bobão, adorarem a cor vermelha, dirigem em alta velocidade e morrem no final em um acidente de carro! Muita semelhança que nos faz pensar (e essa sobre as vilãs não são as únicas): Alguém se inspirou em alguém. Como Mulheres de Areia é de 1973 (a primeira versão), então podemos supor que a autora de A Usurpadora inspiro-se na trama de Ivani Ribeiro. Afinal não TV não existe coincidências..

Até a próxima semana!